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Cáritas Norte II participa de lançamento de cartilha para combate ao tráfico de pessoas

Institucional

Lançamento da cartilha marcou o "Dia Mundial de Oração e Reflexão Contra o Tráfico Humano" incentivado pelo Papa Francisco.

Publicação: 09/02/2023



A Cáritas Brasileira Regional Norte II, a CNBB, a Repam, a CPT, o IPAR e outros organismos da Igreja Católica no Norte realizaram, no dia 8 de fevereiro, o lançamento regional da cartilha “Nas Trilhas do Enfrentamento ao Tráfico Humano” produzida pela Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano. O lançamento marcou o “Dia Mundial de Oração e Reflexão Contra o Tráfico Humano" incentivado pelo Papa Francisco.

A programação foi realizada na sede da CNBB Norte II, em Belém (PA), durante a manhã do dia 8. Uma caminhada, velas acesas, exibição de recortes de notícias, falas em memória de vítimas do tráfico e de Santa Josefina Bakhita marcaram a mística que envolveu os participantes em uma atmosfera de reflexão e motivação à luta contra essa chaga social.

A coordenadora da Comissão de Justiça e Paz da CNBB, irmã Henriqueta Cavalcante, observou que o tráfico é um crime silencioso e de pouca visibilidade, mas está muito próximo das nossas realidades. Em geral, as pessoas não enxergam o problema que se vale de vulnerabilidades como o desemprego, a fome e a falta de perspectivas.

“As redes criminosas, os aliciadores têm uma proposta extremamente atraente que encanta as pessoas. Principalmente aqueles e aquelas que estão em situação de vulnerabilidade e que recebem uma proposta encantadora, como trabalhar em empresas de modelo, nas escolinhas de futebol”, destaca.

A cartilha lançada no Dia Mundial de Oração apresenta alguns dados sobre o tráfico de pessoas, os conceitos, as modalidades e indicações de métodos para a sociedade agir. As orientações são divididas entre o VER, O JULGAR E O AGIR, uma forma das pessoas compreenderem o tráfico, identificarem os casos em suas comunidades e tomarem as medidas necessárias para a prevenção ou denúncia.

Dom Evaristo Spengler, presidente da Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano e recém nomeado bispo do Estado do Tocantins, destaca que a cartilha “visa conscientizar, animar e fortalecer as ações existentes na Igreja, em conjunto com a sociedade civil e organismos envolvidos nesta causa”.

O bispo observa que desde a criação da Comissão, em 2016, a Igreja tem avançado nas articulações para trabalhar a prevenção. Desse modo, a cartilha é vista como mais “um instrumento para auxiliar no alerta, na conscientização e no enfrentamento do tráfico. Deste modo, a misericórdia de Deus se torna visível e o tecido da sociedade é reforçado e renovado”.


O tráfico em números

- De 2016 a 2019, o Disque 100 recebeu 10.633 denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes, no Brasil. Dessas, 3.867 foram na região Sudeste, 3.119 no Nordeste, 1.474 no Sul, 1.196 no Norte e 956 no Centro-Oeste.

- Entre 2010 e 2019, 807 imigrantes foram resgatados do trabalho escravo, principalmente no setor de confecções de costura. Nas últimas décadas, o Brasil tem sido um importante destino de pessoas dos países vizinhos da América do Sul, como Bolívia e Paraguai que vêm em busca de trabalho.

- Entre 1995 e 2021, quase 60 mil pessoas foram encontradas em situação de trabalho escravo no Brasil. Na maior parte, essas pessoas tiveram que se deslocar de suas casas em busca de emprego, mas há cada vez mais casos de escravização de moradores da mesma região.

- Pela variedade de situações, não é possível traçar um perfil único das vítimas de tráfico humano. Mas o modo de produção, o machismo e o racismo são fatores que aumentam as chances de alguém se tornar vítima. Das 943 denúncias de exploração sexual contabilizadas pelo Disque 180 entre 2016 e 2019, 85,6% eram do sexo feminino e 48,4% das vítimas com idade informada tinham entre 12 e 17 anos de idade. Dos cerca de 2 mil resgatados no trabalho escravo, em 2021, 90% eram homens, 47% nordestinos, 3% autodeclarados indígenas, 17% brancos e 80% negros.

Fonte: Mapeamento do tráfico de pessoas no Brasil, volume 3 – Asbrad.


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