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Diálogos Amazônicos: Sociedade civil organizada leva serviços onde o poder público não chega.

Projetos

Evento discute o papel essencial da sociedade civil organizada. Entidades como a Cáritas levam serviços onde o poder público está ausente.

Publicação: 07/08/2023


sandra rocha

O papel desempenhado pelas organizações da sociedade civil na promoção e garantia dos direitos de parte considerável da população foi evidenciado no primeiro dia dos Diálogos Amazônicos. Muitas vezes, as entidades são a porta de entrada para serviços públicos e as grandes incentivadoras da organização das comunidades para que tenham autonomia.

Da plateia, Jesus Trindade, liderança do território quilombola Lago do Maracá, em Mazagão (AP), retratou essa realidade ao apontar que sua comunidade vive sem energia elétrica há mais de uma década, embora as torres de transmissão de energia sejam vistas pelos moradores lá dos seus espaços.

Trindade explicou que o território, hoje, conta com o apoio da Cáritas Brasileira para acessar serviços públicos e se organizar. O trabalho é realizado pela Regional Norte II (PA e AP) através do Programa Global das Comunidades da Nossa América Latina.

A fala chamou a atenção dos representantes do governo que se comprometeram a encaminhar soluções. E ainda de Caetano Scannavino, coordenador da Ong Saúde Alegria, que falou sobre resultados recentes de mobilização para levar o serviço para comunidades que vivem o mesmo problema no oeste do Pará, onde a entidade atua.

A secretária adjunta da Secretaria de Gestão e Inovação do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Kathyana Buonafina, reconheceu essa relação entre as entidades e as comunidades. “A região Norte sem vocês não teria políticas públicas”, afirmou.

A Cáritas, por exemplo, atua em diversas áreas com a finalidade de promover a vida para além da ajuda humanitária. Elas estão distribuídas em áreas prioritárias como a convivência com os biomas, o estímulo à economia popular solidária, a gestão de riscos ambientais, a segurança alimentar, a equidade de gênero e o direito da criança e do adolescente.

A secretária executiva da Cáritas Norte II, Maria Ivanilde Silva, citou projeto recente que envolve entidades com apoio do BNDES para promover o saneamento em escolas da região do Marajó, onde o serviço é precário, apesar da abundância da água.

“A gente aceitou fazer parte dessa parceria entendendo que somos nós que estamos lá. Às vezes, a gente diz: aonde a sociedade civil organizada chega, muitas vezes o governo não chega com suas políticas públicas. Isso é uma realidade”, enfatizou ao explicar que a rede Cáritas também atua na organização das pessoas para que elas atuem coletivamente em prol da dignidade.

Ivanilde reforçou a importância do evento para ecoar essas realidades porque os grandes empreendimentos realizados pelos governos ou com o apoio deles precisam enxergar esses povos.

“É inadmissível que o governo se junte com grandes empresas e corporações, apoiado pelo grande capital de outros países, para pensar projetos pra Amazônia sem pensar o povo que aqui habita. Hidrelétricas, hidrovias, isso tudo vai afetar meu território pra atender o escoamento de produção. Nossa região não tem o básico, direito à água e saneamento”, pontuou.

Segundo a organização, os relatos dos Diálogos Amazônicos comporão um relatório a ser entregue aos oito presidentes da América Latina que participarão, em Belém, da Cúpula da Amazônia, na terça e quarta, 8 e 9 de agosto. Os dois eventos são preparatórios para a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), em 2025.

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