Quatro parlamentares, uma promotora de Justiça e uma representante
de órgão estadual de assistência social do Pará assinaram carta compromisso com
a Cáritas Brasileira Regional Norte II para assegurar a atenção às comunidades tradicionais, à infância e
juventude nas suas proposições de políticas públicas que impactem direta e
indiretamente esses segmentos. O documento foi pactuado durante encontro entre
os tomadores de decisão locais e a Cáritas Alemanha, financiadora de projetos
na Amazônia.
O documento foi assinado pelos
deputados estaduais Carlos Bordalo (PT) e Marinor Brito (Psol); pelos
vereadores Fernando Carneiro (Psol/Belém) e Jesaias Lima (PT/Limoeiro do
Ajuru); pela promotora de Justiça, Ione Nakamura, e pela representante da
Secretaria de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster), Karla
Santos.
A carta lista quinze ações que devem
ser observadas para garantir o combate à exploração de crianças e adolescentes
e a defesa dos territórios tradicionais considerados fundamentais para a
preservação ambiental e o equilíbrio climático mundial. Todas elas foram
elaboradas com base nas experiências da rede Cáritas a partir dos projetos realizados
nos municípios paraenses e amapaenses.
Na área da infância, um dos
compromissos tenta “assegurar o correto e adequado
funcionamento do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente do
Estado do Pará, garantindo dotação orçamentária para o exercício das funções
dos conselheiros, bem como do espaço do Conselho prezando pela reforma e
manutenção do espaço e do parque tecnológico do mesmo”.
Outro pede que os signatários se empenhem para
“promover e incentivar políticas públicas e ações em conjunto com a sociedade
civil e com os órgãos que integram o Sistema de Proteção aos Direitos de
Crianças e Adolescentes, do Plano Estadual de Enfrentamento da Violência Sexual
Contra Crianças e Adolescente do Pará”.
Na área da defesa dos povos
e comunidades tradicionais, a carta pede ações para “impulsionar dentro
do Estado do Pará a Política
Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais” e
para “promover políticas de fomento para
implantação e disseminação de sistemas agroecológicos e florestais (Sistemas
agroflorestais, quintais agroecológicos, áreas de Regeneração Natural, hortas”,
além de fomentar políticas de comercialização no âmbito da Economia Popular
Solidária.
E também para “prezar
para que seja implementada a consulta prévia, livre, informada e de boa-fé
junto às comunidades tradicionais diante dos empreendimentos, procedimentos
administrativos e legislativos que possam afetá-las direta e indiretamente,
assim como orienta a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho e
demais normativas internacionais que asseguram a autodeterminação dos povos”.
A carta compromisso foi assinada no Diálogo com Parlamentares,
realizado no encerramento da visita da comitiva alemã ao Pará, no último dia
25. A delegação de 15 representantes
da Cáritas Alemanha circulou por Abaetetuba e Belém, durante a última semana de
novembro, para conhecer os contextos da
atuação da Cáritas brasileira nos Estados do Pará e do Amapá.
A entidade integra uma rede
internacional de base da Igreja Católica para assuntos sociais, sendo a
mantenedora de grande parte dos serviços assistenciais naquele país europeu. No
Brasil, a Cáritas Alemanha financia diversos projetos, sendo o Içá Ação e
Proteção, de combate à exploração sexual de crianças, desenvolvido nos
municípios de Abaetetuba, Alenquer, Belém, Curralinho,
Juruti, Melgaço, Óbidos, Oriximiná, Mojuí dos Campos e Santarém.
Outro projeto, o Programa Global das Comunidades da Nossa América Latina, é realizado no Brasil (regiões Norte e Nordeste), na Colômbia e em Honduras. No Norte, abrange os municípios paraenses de Belém, Ananindeua, Abaetetuba, Cametá, Mocajuba, Baião, Salvaterra, Soure, Óbidos e Oriximiná e amapaenses de Macapá, Mazagão e Laranjal do Jari.