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Representante das Cáritas França visita projeto de quintais produtivos em município do Pará

Áreas de Atuação

Ações realizadas em Bragança abrangem diversificação de espécies, produção de alimentos saudáveis e geração de renda.

Publicação: 04/04/2023



O encarregado de projetos para o Brasil da Cáritas França, Walter Prysthon, e a assessora nacional da Cáritas Brasileira, Cristina dos Anjos, visitaram as áreas de produção agrícola de famílias apoiadas pelo projeto “Nhandereko há”, na Diocese de Bragança. Nessa área do nordeste do Pará, a experiência dos quintais produtivos tem gerado a diversificação das espécies, o consumo de alimentos saudáveis, a geração de renda e a autonomia das comunidades tradicionais.

Acompanhados pela coordenadora do projeto Içá Ação e Proteção, Keila Giffoni, pelo assessor da Cáritas Brasileira Regional Norte II, Edson Matos, e pela articuladora local na Cáritas Diocesana de Bragança, Graça Ramos, Walter e Cristina tiveram a oportunidade de conversar diretamente com os agricultores sobre o trabalho desenvolvido. Nos quintais das famílias, vêm sendo cultivadas espécies diversas, para uso alimentar e medicinal.

O plantio é feito sem uso de agrotóxico e obedecendo as técnicas para ter uma produção diversificada nas comunidades do Urupiuna e Jararaca. A produção é voltada ao consumo familiar, com excedente vendido na Feira da Agricultura Familiar realizada uma vez na semana, há catorze anos, no centro da cidade de Bragança.

A feira tem se tornado um espaço de venda, mas também de discussão e formação de sujeitos de direitos que lutam em torno do bem viver, valorizando a produção orgânica saudável. A expectativa é que ela se torne ainda mais regular e experiência positiva de organização dos produtores.

O representante da Cáritas França considerou a visita importante e explicou que está sendo encaminhada a discussão para a continuidade do projeto, em uma nova fase. A intenção é incluir o Regional Norte III, do Tocantins, onde está sendo desenvolvido trabalho para desenvolver uma rede de guardiões ecológicos.

“É uma proposta que vem somar a esse caminhar conjunto. A gente escutava da importância que esse projeto teve pra fortalecer a articulação da Cáritas e a gente pensa que isso realmente é fundamental, contar com recursos necessários aos serviços das comunidades”, disse.

O Bispo coadjutor de Bragança, Dom Raimundo Possidônio, também se comprometeu em discutir o projeto e sua importância dentro da Diocese para que os quintais produtivos sejam replicados nas muitas paróquias diocesanas.


Fortalecimento institucional - Para a assessora nacional da Cáritas Brasileira, o impacto da parceria é evidenciado pela multiplicação das entidades locais e consolidação dos projetos. “Hoje, nós temos várias Cáritas organizadas, temos uma articulação das Cáritas na região, temos muitas Cáritas paroquiais que foram criadas nesse período e também já projetos junto às comunidades já em processo de consolidação que tem acompanhamento de longa data das Cáritas locais”, aponta.

“Hoje, podemos dizer que a Cáritas na região Norte é uma Cáritas fortalecida, organizada, integrada com outras pastorais, com outras redes. É uma Cáritas que, de fato, faz a diferença aqui na região e a gente pode dizer que é graças a esse apoio fundamental que nós tivemos, durante todos esses anos, da Cáritas da França”, completou.

Amazônia - Walter também considerou importante o tempo de trabalho conjunto entre a Cáritas Brasileira e a Francesa, com prioridade na região amazônica e no protagonismo das comunidades. O foco se deve às ameaças sofridas pelas comunidades, populações ribeirinhas, quilombolas e povos indígenas diante de projetos de “desenvolvimento”.

“Então, na finalidade do que o Papa Francisco nos convoca, na Laudato si, nós viemos aqui dizer do nosso apoio à Cáritas do Inter Regional, à Cáritas Brasileira, à Cáritas do Regional Norte II, pra todo esse trabalho de recuperação e defesa dos direitos das populações”, reforçou.

Walter ainda esteve em áreas de projetos financiados pela Cáritas França em Porto Velho (RO), onde é desenvolvido trabalho junto às populações indígenas que vivem a vulnerabilidade nas cidades, e no Amazonas, onde é realizada parceria com o Conselho Indigenista Missionário (CIMI).


Olhando para ações que podem ser replicadas

No Pará, os alagamentos causados pelas chuvas associadas às cheias dos rios, em um movimento que estudiosos vêm considerando como efeito das mudanças climáticas, impediu a ida ao território quilombola do Abacatal. Para Walter, a experiência com adoção de um protocolo comunitário de consulta é uma “novidade política” que pode ensinar outros países.

Ele explicou que a Cáritas França é uma organização bastante importante naquele país, com uma trajetória semelhante à Cáritas Brasileira, “de inserção nas comunidades, recebendo mandato da Igreja católica pra significar solidariedade da sociedade com os mais vulneráveis”.

No país europeu, detalhou, estão trabalhando muito sobre o direito à alimentação de qualidade e a atenção aos numerosos migrantes. E, uma parte do trabalho é voltada à solidariedade internacional, sendo realizadas ações em oito países da América Latina.


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