Pessoas migrantes venezuelanas, da
etnia indígena Warao, que vivem em dois espaços em Belém (PA), receberam a
visita do coordenador Regional do Escritório de População, Refugiados e
Migração do Departamento de Estado dos Estados Unidos (PRM), Porter Illi, e da
coordenadora nacional do projeto Orinoco, da Cáritas Brasileira, Luise Villares,
no dia 26 de julho.
Porter integrou a comitiva da
Organização das Nações Unidas (ONU) que esteve em Belém durante a última semana
de julho. Ele explicou que o objetivo foi observar o trabalho da Cáritas e de
outros parceiros na prestação de serviços voltados aos migrantes e refugiados
Warao.
O coordenador esteve no Espaço de
Acolhimento Warao, no bairro Tapanã, mantido pela prefeitura de Belém, e na
Comunidade Warao localizada em Itaiteua, distrito de Outeiro, também na capital
paraense. Ele pôde observar as condições de acomodação, banheiros e espaços
livres de uso coletivo.
No EA Tapanã, acompanhou uma ação de
“Wash”, em que os agentes Cáritas demonstram a crianças, jovens, adultos e
idosos a lavagem correta das mãos. Em seguida, a equipe distribuiu 144 kits
pessoais compostos de itens básicos de higiene.
Na comunidade de Itaiteua, Porter
conversou com lideranças Warao sobre os problemas e as demandas da comunidade.
Eles contaram que, atualmente, só recebem apoio da Cáritas e enfrentam muitas
dificuldades para manter o espaço porque o número de pessoas é grande para a
infraestrutura de saneamento existente.
Carlos Fuente, indígena Warao,
considerou importante continuar com o apoio da Cáritas e ter ajuda para dar
qualidade de vida para a comunidade. Ele e outros moradores disseram que o
grupo tem sentido a necessidade de ter mais banheiros e torneiras individuais
para as casas.
Nicolas, outra liderança, disse que um
motor para embarcação de pesca poderia ajudar a comunidade a desenvolver essa atividade.
Ele disse que os Warao têm dificuldade de arrumar trabalho em Belém.
Na comunidade formada por 38 famílias,
a maioria não fala português e poucos falam espanhol, sendo predominante a
língua Warao. As mulheres e as crianças vão para as ruas da capital, onde fazem
a “coleta”, nome dado à prática de pedir dinheiro nos cruzamentos e espaços de
maior circulação de pessoas.
Ao final das visitas, Porter observou
que a comunidade indígena Warao tem necessidades “que são desafios muito
grandes” por causa de “vulnerabilidades e necessidades maiores que outras
pessoas migrantes e refugiadas”.
Para o coordenador, diante desse
cenário, a “Cáritas e outros parceiros cumprem papel extremamente importante
para oferecer serviços a essas comunidades”. Além disso, destacou que, às
vezes, são as únicas organizações que estão dentro das comunidades em Belém.
A coordenadora nacional do Orinoco, Luise
Villares, considerou a visita importante para que o agente financiador pudesse
ver as instalações e ter contato com equipe e com os atendidos. A experiência
vai além dos relatórios descritivos e quantitativos apresentados pela equipe.
“Ele esteve conosco nessa prática do
dia a dia, do cotidiano, onde as educadoras sociais e de proteção estão ali o
tempo todo interagindo com a comunidade. Ele pôde perceber e colher um pouco do
relato dessas comunidades e dos líderes comunitários pra entender a realidade local
e pra entender como o nosso serviço tem gerado impacto enorme, positivo na vida
dessas famílias”, avaliou Luise.
Segundo Luise, essa etapa do projeto será
finalizada no mês de setembro. Durante a visita aos espaços, Porter e Luise
foram acompanhados por Rosane Gomes, coordenadora do projeto Orinoco em Belém,
através da Cáritas Belém, entidade membro da Cáritas Brasileira Regional Norte
II. Na EA Tapanã, conversaram com a coordenadora do espaço, Nádia Fernandes.
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Orinoco:
Águas que Atravessam Fronteiras é uma ação da Cáritas Brasileira, que está na
sua terceira fase de execução, com apoio e financiamento do Escritório de População,
Refugiados e Migração (PRM) do Departamento de Estado dos Estados Unidos da
América. Além do Pará, o projeto está presente em mais quatro estados: Acre,
Piauí, Rondônia e Roraima.