Foto: Nívea Martins / Acervo Cáritas Brasileira

Viver a espiritualidade é sentir Deus em todas as coisas. Viver a mística da Cáritas Brasileira consiste na motivação e na força que nos leva a abraçar uma causa. Muito mais que isso, a Cáritas é a “casa” que nos permite aprofundar, comungar e interagir com as lutas das sociedades, sobretudo daquelas populações historicamente excluídas. Inspirados pela passagem bíblica de Isaías (54, 2-4), “Alargar os espaços da tua tenda”, a mística de abertura da 28ª Assembleia Nacional, realizada em Belo Horizonte (MG), acolheu cerca de 450 participantes, vindos de norte a sul do país, em delegações de 13 Regionais e 4 Articulações, além de representantes de organizações parceiras, convidados e convidadas.

Cada delegação trouxe suas bandeiras para compor uma grande colcha de retalhos, representando as ações da Rede Cáritas em uma Igreja Sinodal. O presidente da Cáritas Brasileira, Dom Mário Antônio, Arcebispo de Cuiabá, acolheu a todos com uma mensagem em alusão à Nossa Senhora Aparecida, no sentido de abraçar a missão, os mais necessitados, com doçura, amor e acolhimento: “A Cáritas é como a casa de Maria que acolhe a todos, como um lugar onde todos devem sentir-se bem sem distinção, e sempre olhando para os mais necessitados”, comenta.

Nesta edição, participam cerca de 10 bispos referenciais, 380 agentes Cáritas, organizados em 13 Regionais: Ceará; Maranhão; Piauí; Nordeste 2 (Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba); Nordeste 3 (Bahia e Sergipe); Paraná; Rio Grande do Sul; Santa Catarina; São Paulo; Minas Gerais; Espírito Santo; Norte 2 (Pará e Amapá); Norte 3 (Tocantins, leste do Pará, nordeste do Mato Grosso e parte do Norte de Goiás) e as quatro articulações: Norte 1 (Amazonas e Roraima); Rio de Janeiro; Centro Oeste (Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Distrito Federal); e Noroeste (Acre, Rondônia e Sul do Amazonas) — uma rede que atua na defesa dos direitos humanos, por meio de uma ação articulada para a transformação da realidade do país.

“Para mim, que vim do Nordeste, é uma experiência única. Quero aprender muito, e ver com os demais regionais como atuam, principalmente nas ações junto às comunidades quilombolas, e jovens. Isso para mim é melhor que qualquer intercâmbio”, comenta Charles Bezerra, da Cáritas Diocesana de Palmeira dos Índios, no estado de Alagoas.

Mesa de abertura: reflexões sobre o futuro

Foto: Joice Valverde / Acervo Cáritas Brasileira

A mesa de abertura da 28ª Assembleia foi conduzida por Carlos Campos, diretor-executivo nacional da Cáritas Brasileira, que recebeu Dom Mário Antônio, presidente da Cáritas Brasileira; Dom Darci José Nicioli, Arcebispo de Diamantina e Referencial do Regional Minas Gerais; Samuel da Silva, Secretário da Cáritas Regional Minas Gerais; Nicolas Meyer Coordenador Regional da Cáritas América Latina e do Caribe; Leninha Alves (PT), deputada estadual por Minas Gerais; Patrus Ananias (PT), deputado federal por Minas Gerais; a Secretária Municipal de Assistência Social de Belo Horizonte Rosilene Rocha; Gilberto Carvalho, da Secretaria Nacional de Economia Popular Solidária (EPS) do Ministério do Trabalho; e Valéria Carneiro, agricultora familiar e atingida pelo rompimento da barragem de Brumadinho.

Na fala de abertura da mesa, o diretor-executivo da Cáritas Brasileira, Carlos Campos, relembrou os desafios enfrentados pelo país nos últimos quatro anos, e pontuou o diferencial do trabalho da Cáritas na proposição de novas soluções: “Vivemos uma pandemia terrível, vivemos também uma difícil conjuntura política, social, econômica e, porque não, eclesial. Mas foram quatro anos de muitas oportunidades que, pela graça de Deus, e pelo trabalho da Igreja do Brasil, juntamente com a Cáritas e a sociedade, construímos um tempo de cuidado. Quantas vidas resgatadas, quantos sorrisos de volta. Quantas flores perfumaram o país na prática da solidariedade.”

Em seguida, Samuel Silva, Secretário da Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais, manifestou a felicidade do Regional receber, novamente, a Assembleia Nacional da Rede Cáritas: “É uma responsabilidade e uma alegria acolher a Rede Cáritas em nosso estado, para que estejamos aqui em reflexão sobre os desafios que se colocam sobre a nossa rede e, principalmente, olhar para o futuro. Queremos que o trabalho continue por muitos anos em contribuição junto daqueles que mais precisam. E que bom que fazemos isso em conjunto com organizações, em parceria com a nossa Igreja, os parceiros do legislativo, do executivo, dos movimentos sociais. Quando fazemos juntos é que alcançamos resultados tão importantes”.

Ex-membro da diretoria nacional da Cáritas Brasileira e hoje deputada estadual por Minas Gerais, Leninha Alves destacou o trabalho da instituição, sempre com dedicação e alinhamento ao testemunho do Evangelho de Jesus Cristo: “Seguimos o que o Papa Francisco nos diz sobre a prática da melhor política: a solidariedade, a fraternidade e a justiça. Estamos empenhados e imbuídos para reduzir o desenvolvimento econômico que exclui e traz tanta desigualdade para o país”.

A mesa de abertura também recebeu Valéria Carneiro, assentada, agricultora familiar e atingida pelo rompimento da barragem de Brumadinho. Em sua fala, Valéria destacou os diferenciais da comunidade Pastorinha, território em que vive, e que desenvolveu dinâmicas sustentáveis com o suporte do trabalho da Cáritas, incluindo a construção do Plano de Desenvolvimento do assentamento: “O nosso assentamento virou referência no Brasil pela questão de água e ecologia, de moradia em agrovila e que não tem o seu solo parcelado. Onde a gente aprendeu isso? Com a Cáritas, com a solidariedade da Cáritas Minas, que tem a sua história perpassada no assentamento Pastorinhas. Se hoje temos um assentamento que tem 90% da sua mata atlântica preservada, quem plantou a semente foi a Cáritas. É nessa luta e responsabilidade de somar que eu sinto um orgulho danado de fazer parte dessa história ao lado da Cáritas”.

28ª Assembleia e eleição da nova diretoria em números

Foto: Nívea Martins / Acervo Cáritas Brasileira

A Assembleia Nacional é um momento de encontro, reencontro, partilha e reflexão. E nesta edição também será realizada a eleição da nova Diretoria da Cáritas Brasileira para o quadriênio 2024-2027.

Ao final da mesa de abertura, foram apresentados os números da Assembleia: 140 entidades presentes, totalizando 241 mulheres e 195 homens, em um total de 436 agentes Cáritas. Também foram empossadas novas entidades-membros, que a partir da Assembleia passam a integrar a Rede Cáritas, são elas: Cáritas Diocesana de Cuchiara, pela Cáritas Brasileira Articulação Noroeste; Cáritas Diocesana de Marabá, pela Cáritas Brasileira Regional Norte 2; Cáritas Diocesana de Cruz das Almas, pela Cáritas Brasileira Regional Nordeste 3; Cáritas Diocesana de Parnaíba, pela Cáritas Brasileira Regional Piauí; Cáritas Diocesana de Toledo, Cáritas Diocesana de Paranaguá, Cáritas Diocesana de Campo Mourão e Cáritas Diocesana União da Vitória, todas pela Cáritas Brasileira Regional Paraná; e Cáritas Diocesana de Afogados da Ingazeira, pela Cáritas Brasileira Regional Nordeste 2.

Foto Francielle de Oliveira / Acervo Cáritas Brasileira

A Assembleia segue até a quinta-feira, dia 30 de novembro, com a apreciação e aprovação das contas de 2022,  Feira de Sabores e Saberes e Intercâmbios de Experiências.

Confira a programação completa

Confira também as fotos da 28ª Assembleia Nacional

Confira o vídeo completo da transmissão da mesa de abertura:

Texto realizado pelo GT de Comunicação da XXVIII Assembleia Nacional da Cáritas Brasileira.